A deputada Luiza Erundina fez, nesta quarta-feira, uma indicação ao Ministério da Saúde para inclusão de novo exame como rotina do pré-natal e nos bancos de leite materno. As indicações são sugestões de políticas públicas que o Legislativo envia ao Executivo, já que este tipo de ação não faz parte das competências dos parlamentares. No entanto, a infecção pelo vírus que pode provocar doenças como leucemia/linfoma de células T do adulto (ATLL) não integra ainda o rol desses exames. Estima-se que existam cerca de 3 milhões de pessoas infectadas pelo vírus no Brasil.
A doença é causada pelo vírus T-linfotrópico humano (HTLV), que infecta as células de defesa do organismo, os linfócitos T. O HTLV é um retrovírus da mesma família do HIV, que infecta a célula T humana, um tipo de linfócito importante para o sistema de defesa do organismo. Ele foi o primeiro retrovírus humano isolado — o que foi feito no início da década de 1980 — e é classificado em dois grupos: HTLV-I e HTLV-II. O vírus é mais prevalente em regiões como o Japão, Caribe e alguns países africanos. No Brasil, representa um problema de saúde pública, apesar de o número de pessoas infectadas ser proporcionalmente baixo, se consideramos as dimensões e a população do país.
A transmissão desse vírus acontece pelo sexo sem camisinha com uma pessoa infectada, compartilhamento de seringas e agulhas durante o uso de drogas e da mãe infectada para o recém-nascido — também chamado de transmissão vertical —, principalmente pelo aleitamento materno. As contaminações por retrovírus são uma das poucas contraindicações à amamentação.
A maioria das pessoas infectadas pelo HTLV não apresentam sintomas durante toda a vida. Mas um pequeno grupo dos infectados pode desenvolver manifestações clínicas graves, como alguns tipos de câncer, além de problemas musculares (polimiosite), nas articulações (artropatias), nos pulmões (pneumonite linfocítica), na pele (dermatites diversas), na região ocular (uveíte), além da síndrome de Sjögren, doença autoimune que destrói as glândulas que produzem lágrima e saliva.
“Do ponto de vista da saúde pública, o dispêndio adicional para detectar a infecção materna é justificado e indicado”, defende o documento encaminhado ao Ministério da Saúde, “para que as mulheres diagnosticadas como portadoras do vírus possam ser orientadas e as possibilidades de transmissão vertical sejam minimizadas”.