A bancada do PSOL na Câmara, durante a vergonhosa sessão desta quarta-feira (02/08), que absolveu Michel Temer da investigação por corrupção, em diversos momentos denunciou as manobras e a blindagem que vinham sendo feitas ao longo dos últimos meses para salvar o presidente ilegítimo.

Ao final de uma sessão que durou mais de 12 horas, foi confirmado o acordão com o apoio de 263 deputados, que disseram sim ao relatório da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), do deputado Paulo Abi-Acke (PSDB-MG). Ao todo, votaram 492 deputados, sendo 227 desses contrários e 2 abstenções. Foram 19 parlamentares ausentes.

Na prática, o resultado da votação de ontem significará o fim das investigações da operação Lava Jato em torno de Temer e seus aliados, a continuidade da aprovação das reformas que atacam direitos sociais e trabalhistas da população brasileira e o aprofundamento da política do toma-lá-dá-cá, baseada na compra de votos, no troca troca de cargos e na liberação de emendas sem qualquer critério para garantir o apoio de parlamentares.

“A votação de ontem demonstrou a degeneração do parlamento brasileiro. O presidente corrupto saiu às compras, de forma descarada. Comprou, com emendas parlamentares com recursos públicos, uma maioria artificial contrária aos interesses do povo brasileiro. Essa foi uma primeira batalha. Certamente a segunda batalha será com a próxima denúncia e nós voltaremos mobilizar a população brasileira para que esse presidente seja investigado imediatamente”, avalia o presidente nacional do partido, Luiz Araújo.

Antes da votação, o líder Glauber Braga (RJ) e o deputado Ivan Valente (SP), em discursos na tribuna, criticaram a blindagem feita pela base de apoio, sob a liderança do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que encaminhou o encerramento da discussão antes mesmo de atingir o quórum de 342 deputados.

“Nós votamos para que o senhor Michel Temer seja afastado da Presidência da República. A denúncia tem elementos contundentes, ela é gravíssima. E, por isso, nós rejeitamos com veemência o relatório do deputado do PSDB, que quer livrar o senhor Michel Temer da apuração e, necessariamente, do julgamento. Mas nós fazemos questão de dizer que esse governo não tem qualquer legitimidade. O senhor Temer está sentado numa cadeira que não dá a ele a possibilidade de estar retirando direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras do Brasil”, disse Glauber, ao encaminhar o voto do PSOL.

Além de denunciar as manobras, durante o dia o PSOL esteve em obstrução para tentar impedir o quórum, já que Temer não precisaria vencer a votação, sendo apenas necessário que não houvesse 342 votos favoráveis no plenário.

Reportagem: Psol na Câmara