A deputada federal Luiza Erundina (PSOL/SP) é candidata à Presidência da Câmara dos Deputados. Aos 86 anos, Erundina é um dos maiores símbolos da resistência ao autoritarismo, em defesa dos direitos sociais, das mulheres e de uma sociedade mais igualitária, livre e menos desigual.

Nas mídias sociais, tem se questionado o porquê de o PSOL ter decidido lançar a candidatura, visto que os demais partidos de oposição estão apoiando Baleia Rossi (MDB/SP), candidato alçado principalmente pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ).

Listamos abaixo quatro dos principais argumentos em defesa da candidatura de Luiza Erundina:

1 – Ter candidatura própria facilita a vitória do candidato de Bolsonaro (Arthur Lira, do Progressistas/AL)?

Não. A eleição para a Presidência da Câmara tem dois turnos. Só vence no 1º o candidato que tiver ao menos 257 votos. Assim, seja qual fosse a escolha do PSOL (candidatura própria ou entrada no bloco de Baleia Rossi), Lira poderia ganhar no 1º turno caso tivesse os votos suficientes. A decisão do PSOL não muda isso.

No âmbito da disputa de votos, não há resultado prático em apoiar Baleia Rossi no 1º turno. Seria inócuo – visto também que hoje há ao menos oito candidatos colocados para o pleito. Assim, o único resultado concreto de não ter uma candidatura da esquerda seria deixar de colocar as principais pautas que o Brasil precisa, como impeachment, a Renda Justa e a vacinação em massa, nos temas debatidos.

2 – Ter candidatura própria é “purismo ideológico”?

Não. O PSOL foi um dos primeiros partidos da oposição a se movimentar em busca de uma candidatura ampla da oposição, que colocasse em pauta os temas mais urgentes que precisam ser defendidos na eleição da Presidência da Câmara. Sem a candidatura de Luiza Erundina, única mulher entre os candidatos, esses temas ficariam sem uma voz para defendê-los.

Os deputados – e especialmente os candidatos considerados favoritos, como Baleia Rossi – precisam ser questionados. Qual será a postura deles em relação ao impeachment? Sobre a necessidade do Brasil de ter uma renda básica universal? Sobre a campanha pela vacinação? Sobre as investigações da família Bolsonaro?

3 – O PSOL quer que o candidato de Bolsonaro vença?

Obviamente, não. Todos os 10 votos da bancada do PSOL serão para derrotar o candidato de Bolsonaro, tanto no 1º quanto no 2º turno. Somos o partido mais antibolsonarista do Brasil, como mostram os dados das votações na Câmara dos Deputados, e vamos nos manter assim. A tarefa nº 1 do Brasil, em defesa da vida da nossa população e da democracia, é derrotar Bolsonaro e por fim a esse governo desumano e genocida.

Na eleição, vamos falar do que mais importa: impeachment de Bolsonaro, Renda Justa, vacina já, derrubada do Teto de Gastos, investigação dos escândalos envolvendo a família Bolsonaro, não às armas, contra as privatizações e em defesa do serviço público, entre tantos outros temas tão essenciais. Nossa luta é para salvar vidas. Essas pautas são urgentes e precisam ter voz na eleição da Câmara.

4 – Quem são os aliados da democracia e contra o autoritarismo?

Luiza Erundina é a candidata anti-Bolsonaro em tudo que ele representa: autoritarismo, mentiras, negacionismo, machismo, ajuste fiscal, retirada de direitos, desemprego, desumanidade. Nossa tarefa é derrotar Bolsonaro e Arthur Lira e é isso que vamos fazer.

Mas é preciso lembrar que quem está sentado em cima de quase 60 pedidos de impeachment é Rodrigo Maia, principal patrocinador da campanha de Baleia Rossi. Que foi o MDB o principal motor do golpe parlamentar de 2016, levando à Reforma Trabalhista e da Previdência, Teto de Gastos. Que notícias afirmam que Michel Temer está, inclusive, negociando cargos no governo Bolsonaro. Por Psol